Comunicação não violenta – Comunicação de problema à solução.

Se fizermos um levantamento das diferenças /discussões/ desarmonias / divergências / conflitos que temos nos nossos diversos palcos existenciais, veremos que a comunicação é quase sempre a raiz do problema.

Uma das principais causas é a forma como nossa comunicação se pauta  essencialmente em julgamentos, que se apresentam de maneiras muito variadas: culpar, insultar, rebaixar, criticar, diagnosticar, rotular, avaliar e normalmente voltada para imputar o erro ao outro justificando o ditado que diz “errar é humano e mais humano ainda é colocar a culpa no outro”. Exemplo: se meu colega se preocupa mais com detalhes do que eu, ele é “excessivamente meticuloso e compulsivo”, caso contrário, ou seja, se eu me preocupar mais com detalhes do que ele, ele é “relapso e desorganizado”.

Outra causa importante  é a qualidade de nossa escuta pois mesmo sendo bombardeados pelas diversas mídias sobre a importância de ouvirmos e escutarmos aos outros e a nós mesmos, no entanto, muitas vezes nem deixamos que o outro termine de expor suas idéias e já estamos interrompendo basta o outro parar para respirar.

O que em última instância está por trás disso é o nosso não querer assumir responsabilidade pelo que fazemos/ pensamos/ sentimos. Utilizamos uma série de expressões que nos põe numa posição de vítima, de passivos, numa posição de como se não tivéssemos escolhas e livre arbítrio – fui atropelado pelo desejo de comer, comecei a fumar porque meus amigos fumavam.

Esta forma de comunicação termina deixando o interlocutor com três opções: se defender, se retirar ou atacar. Nenhuma delas ajuda ou nos leva aonde  estamos  querendo, ou seja, encontrarmos uma solução que satisfaça a todos.

Há quarenta anos o Dr. Marshall Rosenberg vem pesquisando o que ele passou a chamar Comunicação Não Violenta (CNV). Os conceitos da CNV são profundos, mas sua  formulação é bastante simples sendo constituído por quatro componentes que são aplicadas tanto no falar quanto no ouvir. O primeiro componente é o observar sem julgar, sem avaliar já que o avaliar gera resistência, não compassividade e conseqüentemente um clima desfavorável ao entendimento. O ditado popular “tentar pegar mosca” com fel é o que fazemos ao falarmos nossas observações com julgamento. O segundo componente é resgatarmos o acolher e valorizar os sentimentos e sua expressão uma vez que fomos “domesticados” a os  reprimir.

O terceiro componente é expressarmos as necessidades que queremos ter atendidas e aqui precisamos quebrar o paradigma de querer ter suas necessidades atendidas é sinônimo de egoísmo já que fomos desde criança subjugando o nosso “Eu” ao “Nós”. A última etapa é justamente expressarmos de forma precisa e positiva o que estamos pedindo ao outro. Exemplo: quando pago mensalmente meus impostos fico frustrado porque gostaria de ter segurança, educação e equilíbrio na nossa sociedade e por isso gostaria de solicitar um bom uso dos recursos públicos.

Estas quatro componentes utilizadas no trabalho, na família e no lazer pode nos proporcionar um salto de qualidade de vida, pois a CNV contribui essencialmente para a paz entre as pessoas.

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